Vai ser bom vivermos perto

Abro a primeira página da minha agenda deste ano e o que encontro:

“Para tudo há um momento

e um tempo para cada coisa que se deseja”

Ecl. 3, 1

Achei engraçado colocar também aqui neste cantinho onde tantas vezes me/nos encontro, a mensagem que abre o meu ano. Sabe bem...

“Para muitos o tempo é uma, apenas uma, dádiva oferecida à liberdade humana, que poderosamente o decide encher como, quando, para e com quem quiser. Mas o que se vive entre os tempos, entre o espontâneo e o programado, entre o tempo livre e o tempo comprometido leva-nos para além das nossas próprias possibilidades.

Desfolhando recordações, o tempo pode proporcionar-nos saudades, mas nunca nos devolve as ocasiões perdidas ou vividas. (...) É neste fraqueza que se encontra a sua força.

Viver é perder o poder de voltar a viver o já vivido. A vida não permite repetições. É sempre tudo novo em cada manhã que nos espera. (...)

O tempo não precisa de voltar para trás para ser melhor vivido. (...)

O perdão é o único papel possivel onde podemos agendar as vidas, esperar pelas oportunidades, marcar encontros, procurar sinais, assumir compromissos.

Quando se é pobre percebe-se, às vezes dolorosamente, que o que se tem para oferecer não são cheques, prendas ou jantares. Não se dá o que se tem. Dá-se o que se é. Dá-se a pessoa, o espaço do seu coração, dá-se o que falta e não apenas o que sobra. (...)

Neste momento já começaste a viver a tua própria eternidade na verdade do teu fragmentado presente. Vai ser bom vivermos perto. Um óptimo ano...”

P. Carlos Carneiro sj