"Assustas-me.
A forma como me ouço na tua voz, nos teus sonhos e planos não planeados. O teu acenar quando me ouves e pareces ouvir a tua própria voz. És um espelho embaciado que tento, a custo, limpar com a ponta da manga. Mas parece daqueles que só desembaciam com tempo e muita paciência.
Paciência. Essa coisa própria dos sábios, e cujos truques desconheço. Perdi algures a calma da descoberta e o fascínio dos pormenores, e só queria tê-los agora comigo. A sabedoria de procurar sem rebentar portas, em silêncio, de dar espaço e sentar-me à espera.
Lembras-me um velho eu, que deixei no meio da estrada. Aquele que se fascinava com facilidade e se dava sem hesitações. Encontro-te no meio das minhas muralhas e tento, a custo, derrubá-las.
Assustas-me. Mas fica, e elas hão-de cair, uma por uma, ao chão. Silenciosamente."
Retirado do magnifico blog:
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