Muitas vezes sinto que apenas existem convites para afastar a solidão.
Amizades que apenas existem de forma utilitária... Que dependem do nosso estatuto social, dos nossos conhecimentos, das nossas possibilidades...
Quando tudo está bem vivemos demasiado bem nas nossas vidinhas, alienados de tudo o resto, de todos os outros que nos querem bem e que nesse momento passam a ser restos distantes de uma vida que passou.
Quando tudo corre mal, passam a ser a tábua de salvação em mar alto, como se sempre estivéssemos lá, para partilhar tudo.
Lia hoje num artigo a diferença entre amor e utilidade.
Transferi o paralelismo para a amizade.
"É interessante você saber fazer as coisas, mas acredito que a utilidade é um território muito perigoso porque, muitas vezes, a gente acha que o outro gosta da gente, mas não. Ele está interessado naquilo que a gente faz por ele. E é por isso que a velhice é esse tempo em que passa a utilidade e aí fica só o seu significado como pessoa. Eu acho que é um momento que a gente purifica, né? É o momento em que a gente vai ter a oportunidade de saber quem nos ama de verdade.
Porque só nos ama, só vai ficar até o fim, aquele que, depois da nossa utilidade, descobrir o nosso significado. Por isso eu sempre peço a Deus para poder envelhecer ao lado das pessoas que me amem. Aquelas pessoas que possam me proporcionar a tranquilidade de ser inútil, mas ao mesmo tempo, sem perder o valor."
Padre Fábio de Melo
Quero por perto aqueles que percebem o meu significado, que se preocupam em me ler, mesmo quando nada digo (escrevo).
Quero por perto aqueles que não me deixam para última prioridade (oportunidade).
Quero por perto a verdade de estar presente e o interesse da partilha.
Quero por perto os passos que vejo ao meu lado, sem nada ter que dar em troca, apenas a minha partilha silenciosa, sem conveniência.
Amizade, é isto...
Amor, é isto...
0 comentários:
Enviar um comentário