sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Alma

"Como é que sabemos que é a nossa alma que vai para o céu, se o nosso corpo não vai?


É como ver um álbum de fotografias.
Há medida que os anos vão passando, nós vamos ficando mesmo muito diferentes.
Às vezes, nem temos nada a ver com o que éramos, quando éramos pequenos.
Mas continuamos a dizer que somos nós, porque lá dentro somos nós e é isso que interessa."
P. Nuno Tovar Lemos s.j.


terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Passo-a-rezar

Os jesuítas acabam de lançar o www.passo-a-rezar.net, uma proposta de oração para quem não vive parado.


Cada dia, são 10 minutos de texto, pistas de oração e música, em formato mp3 para descarregar. Depois, é só levar e rezar no metro, no autocarro, a passear pela rua ou simplesmente sentado à secretária.

Vídeo publicitário:






Eu diria que é um site que vai dar muito que falar... ou será rezar? :)

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Jeux D'amour

Um dia sem sentido?

Ou um dia com sentido... verdadeiramente... comercial?

É dificil haver um dia especial para celebrar o amor entre duas pessoas. Afinal de contas ele deve ser celebrado todos os dias. Acho que é quase como o casamento. Muita gente fala do DIA do seu casamento. “E esse dia é apenas o PRIMEIRO DIA em que duas pessoas se casam. Depois virão muitos outros DIAS em que se voltarão a casar. Dias em que voltarão a prometer e cumprir tudo o que prometeram um dia, perante Deus e a igreja.” 
P. Carlos Carneiro s.j.

E neste sentido, acredito no dia dos namorados com um sentido verdadeiro, mas se for um dia para pensar e porque não rezar as promessas que cada namorado tem com a sua namorada e vice versa. Mas para isso não preciso comprar nada, porque o essencial já se tem.     O amor.

Mas há vezes em que acabamos por andar um pouco perdidos não?
É que o dia dos namorados então devia ser todos os dias, ou seja todos os meses de cada ano.
Não nos percamos na comercialidade da vida... e do amor!



sábado, 13 de fevereiro de 2010

P. S.




“ "correio de pablo neruda para mario jiménez", levantando numa das mãos o pacote (...) e na outra uma ansiada carta, o carteiro voou (...) e arrebatou
os dois objectos. fora de si...
- qual abro primeiro, a carta ou o pacote?
- o pacote, filho - sentenciou dona rosa. – na carta só vêm palavras.
- não, senhora. primeiro a carta (...)
Rasgou-o com a paciência e a leveza de uma formiga. com as mãos a tremer, pôs diante dos seus olhos o conteúdo (...)
"que-ri-do ma-rio ji-mé-nez de pés a-lados" (...)
"com saudades abraça-vos o vosso vizinho e alcoviteiro, pablo neruda".
- vamos abrir o pacote - disse dona rosa depois de cortar com a fatídica faca da cozinha os cordéis que o atavam. mario pegou na carta, e pôs-se a observar cuidadosamente o final e depois o reverso.
- não há mais?
- o que mais queria então, meu genro?
- essa coisa com «p s» que se põe ao acabar de escrever.
- não, pois, não tinha nenhum disparate de ps.
- acho estranho que seja tão curta. porque vendo-a assim de longe, parece que é mais comprida. (...) quando me ensinaram a escrever cartas na escola, disseram-me que tinha sempre de se pôr no fim ps e depois juntar qualquer outra coisa que não se tinha dito na carta. tenho a certeza de que don pablo se esqueceu de alguma coisa.
rosa remexeu a abundante palha que enchia o pacote, até que acabou por tirar um (...) gravador «sony» de microfone incorporado. preparava-se para ler um cartão manuscrito a tinta verde, pendurado de um elástico que rodeava o aparelho quando mario lho tirou com um puxão.
- ah, não senhora! você lê com demasiada rapidez. pôs o cartão uns centímetros à sua frente, como se o colocasse numa estante de música, e foi lendo com o seu tradicional estilo soletrado:
"que-ri-do ma-rio dois pon-tos ca-rre-ga o bo-tão do mei-o".
- você demorou mais tempo a ler o cartão que eu a ler a carta - simulou um bocejo a viúva.
- É que você não lê as palavras, mas devora-as, senhora. as palavras temos de saboreá-las. temos de deixá-las desfazerem-se na boca. fez uma espiral com o dedo, e a seguir assestou-o na tecla do meio. a voz de neruda:
"pós-scrito".
pós-scrito! eu bem disse que não podia haver uma carta sem pós-scrito. o poeta não se esqueceu de mim. eu bem sabia que a primeira carta da minha vida havia de vir com pós-scrito. agora está tudo claro, sograzinha. a carta e o pós-scrito.
fez voltar atrás a fita, carregou a tecla indicada e aí estava outra vez a pequena caixa com o poeta lá dentro. um neruda sonoro e portátil.
- "pós-scrito" - ouviu outra vez embevecido. "queria mandar-te mais alguma coisa além das palavras. por isso meti a minha voz nesta gaiola que canta. uma gaiola que é um pássaro. ofereço-ta. Mas também quero pedir-te uma coisa, mario, que só tu podes fazer. os outros meus amigos todos ou não
saberiam o que fazer, ou pensariam que sou um velho gagá e ridículo. quero que vás com este gravador passear pela ilha negra, e me graves todos os sons e ruídos que fores encontrando. Preciso desesperadamente nem que seja do fantasma da minha casa. a minha saúde não anda bem. falta-me o mar. faltam-me os pássaros. manda-me os sons da minha casa. vai ao jardim e deixa tocar os sinos. Primeiro grava esse repicar fininho dos sininhos pequenos quando os agita o vento, e a seguir puxa a corda do sino maior, cinco, seis vezes. sinos, meus sinos! não há nada que soe tanto como a palavra sino, se a ouvimos de um campanário junto do mar. e vai até às rochas, e grava-me a rebentação das ondas. e se ouvires gaivotas, grava-as. e se ouvires o silêncio das estrelas siderais, grava-o. paris é bonita, mas é um fato que me fica demasiado largo. além disso aqui é inverno, e o vento revolve a neve como um moinho de farinha. a neve sobe e sobe, trepa-me pela pele acima. faz de mim um triste rei com a sua túnica branca. já chega à minha boca, já me tapa os lábios, já não me saem as palavras"."
em "O carteiro de pablo neruda" de Antonio Skármeta 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Shimbalaiê...



"Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar (2x)

Natureza deusa do viver
A beleza pura do nascer
Uma flor brilhando à luz do sol
Pescador entre o mar e o anzol

Pensamento tão livre quanto o céu
Imagino um barco de papel
Indo embora pra não mais voltar
Tendo como guia Iemanjá

Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar (2x)

Quanto tempo leva p'ra aprender
Que uma flor tem vida ao nascer
Essa flor brilhando à luz do sol
Pescador entre o mar e o anzol

(...)

Ser capitã desse mundo
Poder rodar sem fronteiras
Viver um ano em segundos
Não achar sonhos besteira
...
Quando mentir for preciso, poder falar a verdade"

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Etty Hillesum - Diário 1941-1943


Um livro que sem dúvida me marcou. Talvez por saber que é um testemunho real. E pelo tema também ser algo que me diz muito. Bem, foi um livro que mudou muita coisa. Acho que o mais engraçado foi... Eu não estou nada habituada a marcar os livros. Neste foi precisamente ao contrário, foi só ver crescer post-its espalhados pelas folhas fora. Cerca de 20 pelo menos. De tal maneira que até me perguntaram quem me viu com o livro se ele era assim tão bom. Porque ainda para mais, era alguém que me conhecia e percebeu que não era de todo normal isto em mim. :)


Mas realmente, o livro é um testemunho de vida que nos deixa estupidificados. (bem lá estou eu a inventar uma palavra :P).


Claro que em situações limite é quando os seres humanos se conhecem melhor e tendo em conta que se tratava de uma judia, na altura da Segunda Guerra Mundial, era certamente uma situação limite por excelência. Mas neste caso foi mais que isso... a Etty teve um crescimento marcável ao longo de todo o livro. Espero sinceramente ter aprendido alguma coisa com a sua vida. Porque desde a fé que nela vai crescendo, até à visão da vida que vive e que a rodeia, ela é simplesmente exemplar.

O viver e o morrer, o sofrimento e a alegria, as bolhas nos meus pés gastos e o jasmim atrás do quintal, as perseguições, as incontáveis violências gratuitas, tudo e tudo em mim é como se fosse uma forte unidade, e eu aceito tudo como uma unidade e começo a entender cada vez melhor, espontaneamente para mim, sem que ainda o consiga explicar a alguém, como é que as coisas são, gostava de viver longamente para no fim, mais tarde, conseguir explicar, e se isso não me for dado, pois bem, nesse caso uma outra pessoa irá fazê-lo e então um outro continuará a viver a minha vida, ali onde a minha foi interrompida, e por isso tenho de viver a minha vida tão bem e tão completa e convincentemente quanto possível até ao meu derradeiro suspiro, para que o que vem a seguir a mim não precise de começar de novo nem tenha as mesmas dificuldades.”

Por fim, há medida que me ia aproximando do fim do livro, ia ficando com pena de estar a acabar. Não só porque me aproximava do fim de tudo o que tinha sido escrito por Etty, mas também porque significava que mais próxima do campo de concentração Etty se encontrava. No entanto, alegrava-me ao mesmo tempo, porque ela viveu mais em dois anos de vida, que muita gente vive em toda uma vida. E isso só pode ser uma grande mensagem de esperança para cada um.

Alguns post’s com excertos do livro já andam aqui pelo blog. Mas mais virão...

Em seguida deixo os links para um blog que tem vários excertos diferentes dos que colocarei aqui e que mostram o seu crescimento interior.

Parte 1 


Parte 2  


Parte 3


Parte 4  


Parte 5





E apesar de toda esta quantidade que foi transcrita, acreditem o livro tem muuuuuito mais. Vale mesmo a pena ler!

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