sábado, 20 de agosto de 2011

"Há textos que me olham de frente"

"Vigiar é colocar-se na disponibilidade para a surpresa, para aquilo que vem, tendo consciência que o fundamental da vida não é o que adquirimos, o que fizemos, o que de alguma maneira dominámos, mas sim a incessante prática da hospitalidade. 

Toda a música que ouvimos, nos preparou, no fundo, para o ato da escuta. 

Todos os textos que estudamos, toda a poesia que lemos nos prepararam melhor para o ato da leitura. 

Toda a relação em que investimos, todo o afeto que partilhámos, todo o amor com que amámos, preparam-nos para o ato simples de amar. 

A vigilância é isso. 

Não está no apego ao mapa, mas no amor pela viagem. Temos mesmo de deixar a zona de conforto dos mapas para nos tornarmos viajantes, enamorados, vigilantes, sentinelas. Dir-se-ia que a vida nos pede uma escuta que atravesse o tempo, que perfure os séculos, que transcenda a paisagem, sintonizando com aquilo que verdadeiramente temos diante de nós. 

E, por isso, temo-nos de perguntar muitas vezes, pela vida fora: Qual é a nossa fronteira? O que é que nos olha de frente? O que trazemos diante de nós?

José Tolentino Mendonça

2 comentários:

Lugar de aqui disse...

Vigiar é saber estar dentro e fora. Vigiar para mim também é sinónimo de proteger... alguém. É saber olhar e perceber e não ter medo de fronteiras, porque as fronteiras são uma necessidade do homem se limitar. Não há nada, apenas esta vontade de ser... ser... só... ser :)

beijinhos

Lugar de aqui disse...

P.s. Catarina do Viver e Gostar :D

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