sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

"Encostados ao mundo"

"Há gente que espera de olhar vazio
na chuva, no frio, encostada ao mundo
a quem nada espanta
nenhum gesto
nem raiva ou protesto
nem que o sol se vá perdendo lá ao fundo

Há restos de amor e de solidão
na pele, no chão, na rua inquieta
os dias são iguais já sem saudade
nem vontade
aprendendo a não querer mais do que o que resta

e a sonhar de olhos abertos
na paragens, nos desertos
a esperar de olhos fechados
sem imagens de outros lados
a sonhar de olhos abertos
sem viagens e regressos
a esperar de olhos fechados
outro dia lado a lado
Há gente nas ruas que adormece
que se esquece enquanto a noite vem 
Há gente que aprendeu que nada urge
nada surge
porque os dias são viagens de ninguém"
Mafalda Veiga






Dizem que um texto justificado à direita reduz a velocidade da leitura...
Pois bem, hoje apeteceu-me diminuir a minha velocidade e a tua, 
para que com calma possamos ler a realidade que nos rodeia.
E assim possamos ver e rezar (por) aqueles que deixaram de sonhar...


Este ano não sinto o Natal, nem me lembro das prendas e sou sincera que acho que não vivi a espera...
Talvez por isso, me tenha lembrado tanto daqueles que também muitas vezes não o sentem...

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