quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Na voz dos que sofrem padecem sinais...



Doeu mais que um corte na pele.
E disso tenho a certeza...


Começa tudo com uma mulher, de meias, mas sem sapatos, sem um casaco num dia de imenso frio, que se senta apertando as mãos uma de encontro a outra... A meu lado numa dessas estações por ai.


A história, parte dela só percebi mais tarde...


O seu homem apareceu pouco depois, de cara vermelha e fechada e notoriamente embriagado.
Ambos com um cheiro a pobreza que de longe se pressentia.
E no meio de tudo isto, aparecem dois jovens de coração bonito com coragem para vencer a indiferença.


No olhar e nas lágrimas desta mulher respirava-se a violência vivida.
No estomago, a lembrança da única refeição do dia... uma salada de fruta!

Na voz do seu companheiro sentia-se o medo das autoridades.


O hospital, o próximo espaço? Apesar do estado de desorientação desta mulher, o INEM afirma que é já um caso crónico, pelo que nem a levará.



No fim, percebi, que a cena nada tinha de novo... e que afinal de contas a pobreza maior é a de quem se perde na vida.

Falamos muitas vezes da grande capacidade de sermos capazes de nos tornarmos pequenos, mas há vezes em que gostávamos de não o ser, para que assim pudéssemos mudar o mundo.


A história destes guerreiros do nada, continua numa qualquer rua próxima de nós. 
Mas e o que é que fazemos para a mudar?

3 comentários:

Maria disse...

Uma provocação:

Este será um bom lugar comum para vivermos?

E será que ás vezes a vida (ela própria) não chega?

http://www.youtube.com/watch?v=9J4BHbW7aEs

...

ser.so.ser disse...

Gosto de provocações ;)

Bom é um bom lugar para nos confrontarmos... A questão é de que por vezes quando confrontados com a realidade nos sentimos mesmo pequeninos... e fico naquela... será que apesar de todas as nossas boas intenções, realmente fazemos alguma coisa para "mudar o mundo" naquilo que nos é realmente possível? Acho que ainda têm muito para me contar! :)

"E se a vida não chega?" Esta fica no ar... ;) Porque dá mais que pensar... E dá tanto que pensar, que talvez a vida não chegue!...

Anónimo disse...

então aí, acho que mereciamos outra vida para dar continuidade à mudar o mundo.

M.G.

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